Resumo
A doença periodontal é uma infecção bacteriana crônica, ocasionada pela presença de bactérias anaeróbias gram-negativas frente a resposta imunológica do hospedeiro. Inicialmente apresenta alterações reversíveis em tecidos moles podendo evoluir para destruição irreversível do ligamento periodontal, cemento radicular e do osso alveolar (GUPTA, 2011; BONIFAIT et al., 2009; LAWANDE, 2012; ALLAKER et al., 2009; ESFAHANIAN et al., 2012; JOHNSTON et al., 2013; KOUSHYAR et al., 2010; AKCALI et al., 2013). O tratamento e prevenção baseiam-se na redução dos agentes patogênicos e fortalecimento da barreira epitelial, permitindo a diminuição da susceptibilidade à infecção (SOHI et al., 2011; STAMATOVA, 2009; LIU et al., 2010). É feito através da remoção do biofilme por meios mecânicos, raspagem e alisamento coronoradicular, mas há casos em que esse tipo de terapia, somente, não tem eficácia podendo ser complementado por terapia antibiótica (GUPTA, 2011; ABREU et al., 2010). Porém, esta terapia contribui para o desenvolvimento da resistência bacteriana, perdendo sua eficácia com o passar do tempo. Nesse âmbito, os probióticos surgem como uma nova perspectiva de tratamento para a doença periodontal, atuando no controle da resposta imunológica e do ambiente microbiano da bolsa periodontal, produção de bacteriocinas contra periodontopatógenos e por mecanismos competitivos de exclusão. O presente estudo avaliou através de uma revisão de literatura os efeitos biológicos dos probióticos, comparando os resultados de estudos já existentes, realizados em humanos e animais. Observamos resultados que indicam efeitos benéficos dos probióticos no tratamento da doença periodontal, como mudanças significativas na microflora e redução do índice de placa, melhora dos parâmetros periodontais e relevante aumento de densidade óssea nos sítios onde houve aplicação das bactérias. Embora os resultados sejam promissores, ainda há necessidade de outros estudos que abordem concomitantemente parâmetros clínicos periodontais, imunológicos e microbiológicos, com a finalidade de assegurar de forma consistente e embasada, a eficácia de seu uso no tratamento clínico de pacientes com doença periodontal.
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