Resumo
A neuroplasticidade ocorre desde o desenvolvimento humano até o fim da senilidade e, apesar de dependente da alimentação, a influência do regime alimentar sobre neurônios e sinapses nervosas não se restringe à disponibilização de nutrientes. Por sua vez, o jejum intermitente, como uma estratégia dietética, representa não só uma moderna técnica para emagrecimento, mas também um importante fator histórico para a ocorrência adaptações orgânicas persistentes. Com base nessa interrelação, foram coletadas as evidências presentes em bases de dados que associassem, positiva ou negativamente, a neuroplasticidade ao jejum intermitente em seres humanos. A partir da revisão dos artigos selecionados, foram descritas as diversas formas pelas quais o jejum intermitente afeta a neuroplasticidade, influindo sobre o metabolismo energético, acionando vias de sinalização, modulando componentes do sistema imunológico e alterando componentes celulares. Todas essas modificações criam um ambiente propício para o surgimento e manutenção de neurônios, bem como para a formação de novas sinapses nervosas.
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