Resumo
Este trabalho consiste em uma observação participante, construído a partir das vivências de uma residente de Psicologia em Saúde da Família e Comunidade. O material do estudo foi composto de registros dos atendimentos onde as falas das usuárias, trazidas a partir da memória e de anotações, produziam sentidos e provocavam a criação de uma relação de respeito entre usuária e profissional e também entre usuária e serviço de saúde. O objetivo deste trabalho foi gerar uma reflexão acerca da importância do acolhimento e da criação de vínculo entre usuárias e profissionais de unidades de saúde da família, em casos de violência contra a mulher. Dentro da atenção primária, acolher e vincular produzem responsabilização e otimização tecnológica das resolutividades que, efetivamente, impactam o processo de saúde, assim, percebe-se que o acolhimento, proporcionado pelos profissionais, foi essencial para criar um vínculo com as usuárias, par que falassem sobre a violência e pudessem ser direcionadas para a psicoterapia. Conclui-se que é necessário problematizar a forma como a violência contra a mulher chega à Atenção Básica, bem como a forma que é realizado o acolhimento destas usuárias, pois tanto o acolhimento quanto o vínculo permitem que as histórias sejam conhecidas fazendo com que cada usuária e profissional afete e seja afetado, facilitando o relacionamento entre ambos, melhorando o serviço ofertado e auxiliando na aceitação do cuidado, modificando as práticas em saúde e considerando as singularidades de cada usuária.
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