Resumo
O aneurisma de aorta abdominal (AAA) é uma dilatação localizada e progressiva da parede da aorta abdominal, representando uma condição potencialmente fatal se ocorrer ruptura. A ruptura de AAA é uma emergência médica que requer intervenção cirúrgica imediata para evitar mortalidade significativa. A gestão eficaz dessa emergência depende da aplicação de técnicas cirúrgicas avançadas e protocolos específicos para maximizar a sobrevida dos pacientes. Esta revisão tem como objetivo examinar as técnicas cirúrgicas emergenciais atuais para a ruptura de aneurisma de aorta abdominal, avaliar os protocolos de manejo pré e pós-operatório, e discutir as inovações recentes que têm potencial para melhorar ainda mais os resultados dos pacientes. Através da análise de estudos clínicos, diretrizes de prática e experiências de centros de referência, buscamos proporcionar uma visão abrangente e atualizada sobre as melhores práticas no tratamento emergencial da ruptura de AAA. Esta revisão bibliográfica tem como objetivo comparar a eficácia e segurança dos reparos endovascular e aberto para aneurismas da aorta abdominal (AAA), com foco em estudos que abordam aspectos como qualidade de vida, prevalência e diretrizes clínicas. As bases de dados utilizadas incluem BMJ Open, New England Journal of Medicine, Journal of Vascular Surgery, São Paulo Medical Journal e J Vasc Bras, com um recorte temporal de 2004 a 2019. A ruptura de AAA é uma emergência cirúrgica que requer uma resposta rápida e eficaz. O diagnóstico precoce desempenha um papel crucial, geralmente realizado por meio de exames de imagem como tomografia computadorizada (TC) ou ultrassonografia. Uma vez confirmada a ruptura, o objetivo principal é estabilizar o paciente hemodinamicamente e prepará-lo para intervenção cirúrgica imediata. Existem duas principais abordagens cirúrgicas para o tratamento de ruptura de AAA: reparo aberto e reparo endovascular. O reparo aberto envolve a laparotomia, controle proximal e distal do vaso, e a substituição do segmento aneurismático por um enxerto sintético. Esta técnica tem sido tradicionalmente considerada padrão de cuidado, oferecendo controle direto sobre o local da ruptura e durabilidade a longo prazo. Por outro lado, o reparo endovascular é uma abordagem minimamente invasiva que utiliza cateteres guiados por imagem para implantar uma endoprótese dentro do aneurisma, excluindo-o da circulação sanguínea. Esta técnica oferece vantagens significativas em pacientes selecionados, como menor tempo de recuperação e menor morbidade perioperatória, embora possa apresentar desafios técnicos em casos de ruptura aguda. As estratégias perioperatórias são essenciais para reduzir complicações e melhorar os resultados. Isso inclui a otimização da perfusão tecidual, controle rigoroso da pressão arterial, manejo de coagulação e monitoramento intensivo pós-operatório. Diretrizes específicas, como aquelas fornecidas pela Society for Vascular Surgery (SVS) e European Society for Vascular Surgery (ESVS), ajudam a padronizar o cuidado e melhorar os desfechos clínicos. Em conclusão, a cirurgia de emergência na ruptura de aneurisma de aorta abdominal é uma intervenção crítica que requer abordagem rápida e multidisciplinar. A escolha entre reparo aberto e endovascular depende da estabilidade hemodinâmica do paciente, anatomia do aneurisma e expertise da equipe cirúrgica. A implementação de técnicas avançadas e o cumprimento de protocolos rigorosos são fundamentais para maximizar a sobrevida e reduzir a morbidade associada a esta condição devastadora. O avanço contínuo na pesquisa e na prática clínica é essencial para melhorar ainda mais os resultados a longo prazo dos pacientes com ruptura de AAA.
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