Resumo
O presente texto pretende analisar a obra “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto sob a perspectiva das teorias das redobras da matéria de Deleuze e do conceito de desterritorialização de Rogério Haesbaert. Deleuze utiliza o conceito de dobras para explicar como a matéria se compõe de dobras e redobras, criando um continuum. Essas dobras podem ser relacionadas às redobras da matéria (órgãos e desenvolvimento físico) e às dobras na alma (aspectos emocionais e espirituais), que estão interconectados. Haesbaert, por sua vez, discute a desterritorialização como a projeção de elementos fora de um território, causando sua desestruturação. O texto explora como a desterritorialização na obra literária se relaciona com a jornada do retirante Severino. À medida que ele migra do sertão nordestino para Recife, vemos a desterritorialização da sua vida e, ao mesmo tempo, a territorialização em novos lugares, representada pelos diferentes territórios por onde Severino passa, cada um com suas próprias características e desafios.
Referências
ARAÚJO, Sérgio Murilo Santos de. Espaço, região e o ordenamento do território. In: _______ & NETO, Manuel Dionízio. Diferentes abordagens sobre espaço e tempo.Campina Grande, EDUFCG, 2010, p. 51-67.
DELEUZE, Gilles. A dobra: Leibniz e o barroco. Campinas: Papirus, 2012, p. 13-30.
HAESBAERT, Rogério. Concepções de território para entender a desterritorializaçao. In: SANTOS, Milton. Território, territórios: ensaios sobre o ordenamento territorial. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007, p. 43-69.
NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina e outros poemas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.